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Pandemia não é "genocídio".

Data da Noticia 25/06/2020
Politizar um surto viral é agredir o bom senso.

Inicio este texto deixando claro que não saio em defesa de governantes, pelo mesmo motivo que não os critico: a atual pandemia não decorre de ação política alguma, é um fenômeno biológico (natural e cíclico) difícil de prever e impossível de evitar. Surtos virais ocorrem de tempos em tempos, e a humanidade já enfrentou alguns extremamente agressivos. O que vivemos hoje não é inédito, nem será a última vez. No entanto, cada vez é diferente: a forma de transmissão, os sintomas, as alternativas de tratamento e prevenção. 

O que se sabe é que ninguém sabe ao certo o que faz. Talvez o tempo mostre que as medidas adotadas foram equívocos absursos, e os que hoje são vistos como exemplo positivo sejam lembrados como irresponsáveis e incompetentes. Não se tem certeza nem evidência concreta: que o isolamento funciona, que quarentena horizontal ou vertical é melhor, que fechar o comércio é necessário ou um crime contra a comunidade, que achatar e alongar a curva de contágio é a melhor saída, etc. Aliás, algumas destas questões nos foram impostas como verdades absolutas e incontestáveis, acima de qualquer suspeita; e isso é um sinal de alerta. O fato é que vírus não obedecem decretos nem observam leis. Outro fato é que não houve - em lugar nenhum - um isolamento de verdade. Alguém teve que sair de casa (por alguém, entenda-se a maioria).

Por isso afirmo que atribuir mortes aos governantes, de qualquer esfera, é um insulto ao bom senso e à inteligência, exceto em casos de corrupção, é claro. Digo que ninguém pode ser criminalizado por suas escolhas e decisões; afinal, até agora não fomos além de hipóteses e suposições. Revolta-me ouvir o termo "genocídio" atrelado à situação de nosso país ante a pandemia, como se alguém estivesse deliberadamente matando de Covid-19.

Aos que possuem essa opinião  - a já conhecida síndrome do vira-lata -, quero recordar alguns fatos. O Brasil possui dimensões continentais e uma população gigantesca. Não é absurso dizer que "a Europa cabe aqui". Então, em números absolutos, é óbvio que ultrapassaríamos países como Itália, Espanha, França, Bélgica, Alemanha e Reino Unido; certos estados brasileiros são maiores e mais populosos que essas nações. Pelo mesmo motivo, é evidente que aqui o contágio demoraria mais para declinar. Em números relativos - a forma correta de mensuração - a situação foi muito mais grave por lá.

No mais, alguns países europeus, como a Itália, precisaram literalmente "escolher quem viveria ou morreria" pela insuficiência de leitos em UTIs. No Brasil isso não tem ocorrido (a taxa de ocupação tem decaído nas últimas semanas). Ou seja, os óbitos tem ocorrido pelo agravamento clínico e não por falta de atendimento.

Infelizmente, pessoas morrem todos os dias, por Covid-19 e por centenas de outras doenças, e lamenta-se com razão o luto de tantas famílias. Ninguém queria, mas é a realidade que se apresenta. Não há muito o que fazer, além esperar que passe. Mas não cometa o disparate de atribuir essas perdas a um suposto "genocídio". Sabemos o que essa infame expressão significa, e nada tem a ver com o atual momento. Por favor, tenhamos discernimento e sensibilidade, pelo menos neste momento difícil. Não seria lindo se o ser humano se revestisse de mais humanidade?

Gerson Dickel, nascido em 21/01/1997, em Viadutos, é graduado em Letras - Português e Espanhol, pela FAEL. Trabalha desde 2014 na Comunidade FM, onde atua como locutor, produtor, repórter e redator.



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  • Autor: Gerson Dickel
  • Imagens: Ilustrativa

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